terça-feira, 30 de maio de 2017

Cultura



LIMA BARRETO TERÁ JUSTA HOMENAGEM NA FLIP

A Festa Literária Internacional de Paraty (RJ)- uma das mais importantes das Américas-, terá como grande homenageado na sua edição 2017, o escritor e jornalista carioca Lima Barreto, morto em 1922. Libertário, irreverente e genial. Ainda que tardia, é sempre hora de reverenciar  e de falar em Lima Barreto.

Internet - Divulgação
Entre as homenagens mais marcantes – que infelizmente não são muitas – dedicadas a Lima Barreto, com certeza destaca-se o enredo da escola de samba Unidos da Tijuca em 1982, onde o antológico samba dizia: “Vamos recordar Lima Barreto, mulato pobre, jornalista e escritor. Figura destacada do romance social, que hoje laureamos neste Carnaval...”

Afonso Henriques Lima Barreto, ou simplesmente Lima Barreto, está seguramente entre os mais importantes escritores e jornalistas do século XX.
Nascido no Rio de Janeiro em 1881, e morto na mesma cidade em 1922-justamente no ano da Semana de Arte Moderna, que agitou e tanto influenciou a literatura brasileira-, Lima Barreto, no entanto, não pertencia à elite de escritores e intelectuais da época- ao contrário-, filho de pais pobres e mestiços sofreu esse preconceito em toda sua vida.

O destino não lhe foi nada favorável. Logo cedo ficou órfão de mãe. Aluno do Colégio Pedro II e da Escola Politécnica no curso de Engenharia, foi obrigado a deixar os estudos após a internação de seu pai, vítima de loucura. Para sustentar a família, trabalhava na Secretaria de Guerra e também escrevia para vários jornais do Rio de Janeiro.

Sua obra literária era inteiramente divergente dos padrões e do gosto da época, por isso recebia severas críticas dos letrados tradicionais. Em suas obras abordava as injustiças sociais e as dificuldades das primeiras décadas da República.

Dono de um espírito inquieto e rebelde e com seu inconformismo com a mediocridade reinante, se entrega ao álcool. Suas constantes depressões o levam duas vezes para o hospício.



Lima Barreto foi uma espécie de cronista e caricaturista, que através de seus escritos se vingava da indiferença e hostilidade dos escritores e do público burguês. Poucos aceitavam aqueles contos e romances que revelavam a vida cotidiana das classes populares, sem qualquer idealização ou floreio.

A obra prima de Lima Barreto, não perturbada pela caricatura, foi "Triste Fim de Policarpo Quaresma", nela o autor conta o drama de um velho aposentado, O Policarpo, em sua luta pela salvação do Brasil.

Lima Barreto faleceu no Rio de Janeiro, no dia 01 de novembro de 1922.

Obras de Lima Barreto

Recordações do Escrivão Isaías Caminha, romance, 1909
Aventuras do Dr. Bogoloff, humor, 1912
Triste Fim de Policarpo Quaresma, romance, 1915
Numa e Ninfa, romance, 1915
Vida e Morte de M. J. Gonzaga e Sá, romance, 1919
Os Bruzundangas, sátira política e literária, 1923
Clara dos Anjos, romance, 1948
Coisas do Reino do Jambon, sátira política e literária, 1956
Feiras e Mafuás, crônica, 1956
Bagatelas, crônica, 1956
Marginália, crônica sobre folclore urbano, 1956
Vida Urbana, crônica sobre folclore urbano, 1956


PROGRAMAÇÃO – ( Fonte: site G1)

Quarta-feira, 26 de julho
·                   19h15: Mesa 1 – Sessão de abertura – "Lima Barreto: triste visionário". Com Lázaro Ramos e Lilia Schwarcz.

Quinta-feira, 27 de julho
·                   12h: Mesa 2 – "Arqueologia de um autor". Entre a paixão e a minúcia, recupera-se a obra dispersa de um autor à margem e se define o lugar de Lima Barreto entre os clássicos e no cânone afro-brasileiro, nesta conversa que soma história e crítica literária. Com Beatriz Resende, Edimilson de Almeida Pereira e Felipe Botelho Corrêa.
·                   19h15: Mesa 5 – "Odi et amo". A tradição greco-latina, seus mitos, poesia e narrativas, a Bíblia grega, a literatura e a cultura medieval: nesta conversa entre dois grandes tradutores do latim e do grego, tem-se uma breve história das ideias e dos sentimentos do Ocidente. Com Frederico Lourenço e Guilherme Gontijo.
·                   21h30: Mesa 6 – "Em nome da mãe". Histórias de guerras e de sobrevivência, de invenções e reconstruções artísticas a partir do ponto de vista feminino, no encontro entre uma brasileira filha de uma sobrevivente de Auschwitz e de uma ruandesa tutsi que perdeu a família no genocídio e é influenciada pela literatura do holocausto. Com Noemi Jaffe e Scholastique Mukasonga.

Sexta-feira, 28 de julho
·                   12h: Mesa 7 – "Moderno antes dos modernistas". A singularidade da linguagem de Lima Barreto é evidenciada a partir de sua aversão ao bacharelesco e da visão da arte como militância, na sua escrita para jornal e nos diários do hospício. No debate, são lembrados autores que foram seus contemporâneos e autores posteriores sob sua influência. Com Antonio Arnoni Prado e Luciana Hidalgo.
·                   15h: Mesa 8 – "Subúrbio". Uma visita aos lugares por onde Lima Barreto passou no Rio de Janeiro, com seus personagens de crônicas, contos e romances, seguindo a linha do trem e arrabaldes de ontem e hoje, a etnografia e a poética das ruas, a partir de dois olhares: o de uma especialista em sua obra e em literatura contemporânea e o de um historiador que entende de Ifá, encantados, samba e cultura popular carioca. Com Beatriz Resende e Luiz Antonio Simas.
·                   19h15: Mesa 10 – "A contrapelo". Uma escritora experimental chilena referência na crítica feminista e um refinado documentarista brasileiro, que contou a trajetória do poeta Wally Salomão e do pintor Leonilson, conversam sobre linguagens na fronteira e resistência artística. Com Carlos Nader e Diamela Eltit.
·                   21h30: Mesa 11 – "Por que escrevo". Um jornalista que cobriu conflitos na África e que, nas horas vagas, praticava obsessivamente o surf e fez dessa experiência um premiado livro de memórias se encontra com uma escritora nascida na África do Sul do apartheid: uma conversa sobre as diferentes motivações de um escritor e a entrega ao ofício. Com Deborah Levy e William Finnegan.

Sábado, 29 de julho
·                   17h15: Mesa 14 – "Mar de histórias". Borges é o ponto comum entre os dois autores, um da Islândia e outro do Rio, que conversam sobre contos de fada, mitologias, narrativas antigas que viajam e surrealismo. Com Alberto Mussa e Sjón.
·                   19h15: Mesa 15 – "Trótski e os trópicos". Os limites da ficção e da não ficção, os protagonistas e os coadjuvantes, o local e o global são os temas desta conversa entre um escritor viajante francês e uma jornalista que, baseada na Argentina, escreve para toda a América Latina. Com Leila Guerriero e Patrick Deville.
·                   21h30: Mesa 16 – "O grande romance americano". Dois autores de uma mesma editora independente venceram, em anos sucessivos, o mais prestigioso prêmio de língua inglesa, o Man Booker Prize (2015 e 2016). Esta conversa revelará em que medida renovam a tradição a partir do seus pontos de vista particulares, a de um americano negro e a de um jamaicano negro que migrou para os EUA, onde ambos lecionam escrita criativa. Com Marlon James e Paul Beatty.

Domingo, 30 de julho
·                   12h: Mesa 17 – "Amadas". Ao refazer sua trajetória com imagens e leituras, Conceição Evaristo, em conversa com Ana Maria Gonçalves, presta um tributo a outras vozes femininas africanas e da diáspora negra, como Angela Davis, Audre Lorde, Carolina de Jesus, Josefina Herrera, Nina Simone, Noêmia de Sousa, Odete Semedo, Paulina Chiziane e Toni Morrison. Com Ana Maria Gonçalves e Conceição Evaristo.



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