Artigo - Walfrido Ataide |
Conforme foi noticiado, o Aterro Sanitário da Samambaia entrou em operação gradual em fevereiro. O aterro atualmente só recebe os materiais provenientes do centro de triagem do P Sul, da L4 Sul e dos transbordos de Brazlândia e Sobradinho.
Esse aterro, conforme o seu projeto, não receberá os rejeitos orgânicos, aceitando apenas os rejeitos secos, previamente triados nas usinas P Sul e L2 Sul e os rejeitos da coleta seletiva, triados nas cooperativas de catadores.
Dessa forma, os resíduos orgânicos, de construção e demolição e outros indiferenciados, continuarão a serem dispostos no aterro controlado da Estrutural e no aterro privado “Ouro Verde” em Pe. Bernardo.
O SLU estima que os galpões de triagem do novo aterro só entrarão em operação no fim de 2018, até lá, mais de 2.000 catadores continuarão a trabalhar em condições precárias no aterro da Estrutural, e, para ampliar a atuação das cooperativas organizadas, o SLU procura galpões para alugar até que se concluam as unidades de triagem do Aterro Samambaia.
O Novo aterro tem uma vida útil estimada em 13 anos e, conforme foi informado pelo SLU, só receberá rejeitos secos, não se tendo ainda notícia sobre qual a disposição final será dada aos orgânicos, biomassa e resíduos da construção civil, após o encerramento definitivo do “Lixão da Estrutural”.
Em setembro de 2016 entrou em vigor o Dec. 37.568/216 que regulamentou as obrigações dos grandes geradores, cuja data limite seria em fevereiro de 2017. No entanto, os grandes geradores (Shoppings, supermercados, comércio de rua, condomínios empresariais, etc) não cumpriram as obrigações de segregar os resíduos orgânicos e destiná-los pelos seus próprios meios, dispondo para a coleta regular apenas os resíduos secos.
Pressionado pelas organizações empresariais, o GDF resolveu escalonar essa medida, estabelecendo que os empreendimentos que geram acima de 2 mil litros de resíduos por dia, terão até 31 de julho para contratar empresas particulares de coleta e disposição final dos resíduos indiferenciados. Os estabelecimentos que geram acima de mil litros por dia terão até 31 de outubro, e, caso a geração seja superior a 120 litros diários, deverão se adequar às novas regras a partir de 31 de dezembro.
Os geradores públicos, órgãos e entidades da administração pública, ministérios e embaixadas também estarão obrigados à nova regra a partir de 31 de dezembro de 2017.
A resposta para a sua pergunta se houve progresso na questão do lixo em Brasília ainda é “não”, e, tão pouco se vislumbra grandes avanços no curto prazo, perdurando ainda dezenas de dúvidas, sendo a maior delas referente ao destino dos resíduos orgânicos e dos resíduos da construção civil após o encerramento do aterro da Estrutural, que hoje recebe 3.000 toneladas por dia de Resíduos Sólidos Urbanos e aproximadamente algo perto das 9.000 toneladas/dia de Resíduos da Construção Civil e resíduos Volumosos.
No entanto, há que se reconhecer os esforços do SLU na busca de soluções.
Sem dúvida a atual equipe dirigente do SLU é uma das mais qualificadas do Brasil, porém estão “algemados” pelas restrições orçamentárias e convivem com todos os reflexos da crise que atravessamos.
O tema é muito complexo e devemos ter o devido cuidado ao opinar sobre essa matéria. Como analista de Gestão de RSU, certamente tenho a minha “hipótese preferida” para a solução do problema, no entanto, o cenário de encerramento do aterro da Estrutural não envolve só soluções de engenharia ou a adoção das melhores técnicas disponíveis para o manejo dos RSU. Vai muito além, pois, transita também pelas questões sociais advindas do destino dos mais de dois mil catadores que trabalham no “lixão da Estrutural”.
Equilibrar as decisões exige conhecimento técnico, discernimento e dedicação ao problema, atributos que certamente não faltam à Dra. Kátia, ao Dr. Silvano e ao Prof. Paulo Celso.
O professor Walfrido Ataide é consultor especialista em resíduos sólidos.
Leia a entrevista publicada em janeiro a seguir ou no link:
http://www.notibras.com/site/enfim-o-aterro-mas-o-lixo-ainda-vai-comer-dinheiro
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